Nem sei bem o que escrever porque também não sei bem o que pensar. Para ser honesta não me espanta nada uma notícia destas, mas deixa-me confusa a atitude ...
Tenho uma irmã! Não sei como se chama, sei que deve ter 8 anos aproximadamente. Tenho um filho com 8 anos! Não que isto seja confuso porque não abrimos nenhum precendente na história das famílias mas ... simplesmente não entendo porque foi guardado segredo durante 8 anos e hoje sem mais nem menos é contado assim ... ao almoço como se de uma história qualquer se tratasse. Nem sei bem se foi guardado segredo. Aconteceu e não foi assumido, ao que parece é fruto de uma relação extraconjugal que de futuro nada teria. O marido assumiu a criança conscientemente, educa-la e vivem hoje na Noruega, onde a criança nem sonha que o homem que lhe dá amor não é o pai biológico. O pai biológico é o meu pai, um homem perdido em tantos sonhos. Um homem cujo tudo sempre esteve ao alcance ... dantes, quando olhava para o meu pai, via a imagem de alguém a esticar o braço e a mão querendo alcançar o mundo, o sol, a lua, as estrelas ... e tudo simplesmente lhe vinha parar às mãos ... aproximavam-se dele, ofereciam-se para que ele desfrutasse, vivesse, saboreásse e gozasse ... mas ele não sabia fazê-lo, era tanto que não sabia viver ... desperdiçou, viveu desprezando o que podia ser valioso ...
Há tempos atrás, ainda diria que ele viveria o momento desfrutando dele intensamente mesmo que não pensando no minuto seguinte, hoje entendo que ele não vive se quer o momento, porque as oportunidades, as coisas e as pessoas fugiram ... não estão mais lá. Não querem mais estar, insistiram e desistiram.
Hoje de uma forma séria falou-me de uma filha que existia, que tinha curiosidade em ver, em conhecer mas não poderia assumir porque outro a tinha assumido quando nasceu. Sabia que ela estava bem mas que gostaria de a ver ... fiquei confusa. Saudosismo não é porque não se tem saudades do que não se conhece, remorsos? mas remorsos de ter dado a oportunidade de não desfazer uma família? disse que era o pai mas que ela era filha de outro, que era saudável, que estava bem e isso é que importa ... será? e ele está bem? a criança não terá o direito de saber? e eu e o meu irmão de conhecê-la? de partilhar a vida dela? não sei ... vou pensar!