domingo, 24 de abril de 2011

Moving ...

A parte chata das mudanças são os caixotes que se perpetuam num canto de um dos quartos á espera de coragem ou de espaço.
A parte gira é a sensação de reset á vida ou ás vidas que ficam para trás das costas.
Levam-se as roupas, as loiças (algumas), as memórias na carola, a ansiedade e a expectativa no peito e um medo terrível na alma.
Sempre que uma palavra falta, um olhar se desvia, volta o sabor amargo da incerteza.
Volta-se atrás nas recordações dos poucos e breves momentos já partilhados e voltamos a encher o peito de ar e de esperança.

Mas tenho medo e há noites que me puxam para pertinho dele. Bloqueio. Fecho-me lá enroscadinha no colinho e fico por ali. Penso se é assim que tem de ser. Ou porque tem de ser assim. E lá vêm as lágrimas e a dúvida. O sentido ou o conceito de partilha é agora muito relativo e a dor dessa noção é angustiante. Não sei viver com o condicionalismo desta partilha. Sinto-me de fora.
Afinal a vida é para os que têm coragem. Eu sempre tive. Mas foge-me ... assim ...
Sinto que crio anticorpos. O roxo, o lavanda e as cores esbatem-se.
Dou por mim a fugir para o preto ou para o branco.
Quando passa ... volto a encher-me de vontade, malgré algumas dores ... e derroto mais uma caixa.
Um dia destes ... derroto as caixas todas.
E volto ás cores do arco-iris que me espreita da janela do quarto.
Só quero respirar.