segunda-feira, 30 de novembro de 2009

... não sei o que lhe chamar ...

Esta noite fui impedida de dormir e dei comigo a pensar em coisas em que normalmente no dia-a-dia não se pensa, simplesmente vive-se e num registo muitas vezes mecanizado. A principal razão pela qual não adormecia era o frio que sentia. Sentia um frio imenso que me fazia tremer o queixo. Tinha o pijama vestido e um casaco de fato de treino polar, umas meias, as minhas à pescador ... e mesmo encostada ao marido e esse dormia e quentinho ... teimava em permanecer acordada e gelada. Dou comigo a pensar nas centenas de pessoas desalojadas "sem-abrigo" que estariam a suportar corajosamente o frio. Eu estava deitada na minha cama, atolada no edredon e não conseguia suportar o frio. Como é que aquelas pessoas heroicamente o suportavam? O álcool seguramente ajuda mas acabariam por arrefecer e regelar. Como conseguem? Senti-me tonta e deixei cair umas lágrimas. Levantei-me e fiz o exercício mental de me sentir quente. Voltei a deitar-me e tentei adormecer. Sentia menos frio. Não resultou. Já não sentia frio mas não conseguia adormecer. Voltei atrás no tempo ... revi-me a adormecer com o meu filho na cama. Apetecia-me ter ali o Guilherme. Enrolar-me nele e no seu cheiro e sentir-me coompleta e protegida. Perguntava-me se ele estaria a dormir? Se este não seria mais uma indicação das que tenho sobre as pessoas e o que sentem. Fiz reiki ... o Guilherme estaria seguramente a dormir, senti uma paz enorme e devo ter adormecido nessa segurança e nesse conforto. Acordei mais tarde com uma angustia e uma ansiedade inexplicável ... percebi imediatamente os sintomas ... levantei-me e desloquei-me à cozinha ... procurei desesperadamente pelas "pastilhas" da ansiedade ... quando me dei conta desse gesto desatei a chorar como se fosse uma criança ... percebi que o meu corpo e a minha mente acusam a minha insatisfação, a minha angustia ... a minha desilusão. Voltei a reviver o processo do passado ... e a tomar consciência de que voltarei a reviver tudo novamente.