sábado, 10 de dezembro de 2011

Gente pouco desenvolvida espiritual e emocionalmente

Eu sei que eles é que são os médicos e eles é que sabem.
Mas será normal alguém que padece de um tumor irresecável e irrascível (foi assim que o classificaram) esperar 1 mês pela marcação de uma biopsia? Foi finalmente marcada para a próxima terça-feira, dia 13, às 8,30h, no IPO.
Pergunto-me como é que vou conseguir levar o meu pai no estado debilitado em que se encontra até ao IPO...
Desde há uns dias que notámos estar muito letargico, sonolento, e sempre que acordava, completamente alucinado, com um humor dilacerante, delírios com pessoas e situações sempre muito aflitivas. Liguei primeiro para o Hospital Curry Cabral onde anda a ser seguido na consulta da dor crónica. Fui informada de que podia ser encefalopatia hepática, já que ele apresenta metastases no fígado. Aconselharam a ir às urgências. Depois liguei para o IPO para perguntar se existiam alguns preparativos para a biopsia que se tivessem que cumprir, já que o meu pai toma anti-coagulantes para uma outra doença crónica - claudicação intermitente, e se mantinha a biopsia dado que ele apresenta esta fraqueza gigante. Fui gentilmente atendida por uma administrativa, que sensibilizada, me transferiu a uma enfermeira, que preocupada, me transferiu a um médico. Obrigada Senhor Doutor por me fazer acreditar novamente que a classe médica afinal é feita de carne e osso. Esclareceu-me todas as dúvidas e aconselhou-me a ligar imediatamente para o 112. O que fiz.
Enviaram dois técnicos de emergência médica dos bombeiros que, via-se e sentia-se, gostam do que fazem. Curry Cabral. Senti alívio por terem encaminhado a situação para o CC para depois entrar numa frustração enorme. O médico que o assistiu perguntou-me onde era o problema, ao que respondi pâncreas e fígado. Viu, porque eu levava o processo do meu pai na mão, que andava a ser seguido na consulta da dor crónica e teve o único cuidado de ver a data da próxima consulta. Ao ver que seria na semana seguinte, relaxou. Mediu a tensão - 15/9. E encostou a maca do meu pai a uma parede. Fiquei a saber pelo segurança de serviço que depois seguiria para a sala de tratamentos e hemograma. Uns quarenta minutos depois três injecções e mais qualquer substância líquida de um frasco castanho, esqueceram o hemograma. Enquanto fui fazer um xixi, o meu irmão substitui-me junto do meu pai. Quando cheguei o médico tinha deixado sobre a maca uma receita para a farmácia e desapareceu. Estranhei, perguntei á enfermeira que cuidou de saber se ele tinha tido alta médica, confirmou e retirou a agulha que estava colada com fita adesiva branca para qualquer outro procedimento que parecia estar previsto. O meu irmão pagou a urgência, muito embora o meu pai seja isento, o que irritou a senhora colega administrativa por causa da falta de um papel que deveria andar anexado a um outro que já temos. Enfim... não é simplesmente o paizinho ou a mãezinha dela ... e até tem a sorte de trabalhar na área da saude, que deve dar-lhe um jeitão e estes conhecimentos que o comum cidadão que não está ligado à área da saúde não sabe. Não escondo. Vociferei algumas asneiras.Voltámos a casa, o meu pai pediu uma sopa, continuava com confusão mental, menos acentuada ...  e deitou-se. Dormiu a nota inteira e nós também. Hoje não quer comer e depois da ingestão da antiga medicação mais a receitada ontem, perguntou-me se não achava que mesmo assim, NO FIM, não estava a comer bem ... respondi que não, engoli a vontade de chorar e voltei costas. Afinal ... tenho de ser forte porque ele está a sê-lo.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Ir aos Olivais já não me faz bem!

Custa-me, mais do que isso ...  faz-me mal voltar aos Olivais.
Cresci no bairro dos Olivais. E sempre voltei lá para fazer tudo: compras, ir ao médico, visitar a família, os amigos. Conheço cada esquina, cada prédio, cada rua, cada café, cada loja, cada rosto. Voltar lá era mais do que uma necessidade, era um conforto. Hoje é um castigo. Custa-me.
Custa-me subir a rua dos meus pais.
Custa-me entrar no prédio do meu pai sem ter que bater na casa da minha falecida avó materna para um beijo.
Custa-me entrar na casa do meu pai. Faz voltar atrás no tempo e revisitar memórias, talvez as melhores de toda a minha vida. Saudades e angústia é o que sinto.
Saio com uma sensação de peso no peito. Custa-me mais do que tudo.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Quando não se sabe o que dizer

Nos momentos de maior fraqueza do meu pai, habitualmente depois de chamadas de amigos e familiares - os distantes que os próximos não se mostram -, quando chora e soluça, não sei o que lhe dizer.
Receio dizer-lhe que tudo vai ficar bem, quando nunca lhe menti ou omiti fosse o que fosse. Peço-lhe força e relembro-lhe que o poder está na mente. Não posso permitir-lhe, ou melhor, finjo que não lhe permito que se vá abaixo psicologicamente. E depois, choro eu.
Agradeço as manifestações de afecto, de verdadeira amizade e repugno e registo a falta delas.
A falta delas ao meu pai, a mim e especialmente ao meu filho, que heroicamente, assiste à transfiguração do avô, uns dias aguentando com firmeza e com a força de um adulto, outros que simplesmente não aguenta e chora compulsivamente. Para o meu filho, o meu pai é um exemplo, um herói, um companheiro, um avô cool. Custa-me a dificuldade que ele sente em reconhecer este avô, excessivamente magro, de cor doentia e sem brilho, sem vontade, sem energia.
É nestas alturas difíceis e crueis da vida, que precisamos mais do apoio de pessoas especiais, normalmente apoiamo-nos no ombro e no conforto da mãe . Mas eu, apesar de rasgada, triste e zangada com a vida, estou e estarei sempre que o meu filho me procurar , quer no olhar de um pedido escondido de socorro, quer num abracinho de 'boa noite' apertado.
Estou zangada, não escondo. As amigas e os familiares falam-me em aceitação, em vontade de Deus e outras justificações que não consigo encaixar. Sinto hoje o que senti há anos atrás, quando de um minuto para o outro, um ataque cardíaco fulminante matou a minha avó. Mais tarde aceitei interiorizando de que fosse o que fosse, Deus ou a Energia Universal, a compensaram com uma morte santa sem sofrimento, pela bondade pura que sempre a caracterizou.
Acabo a pensar que as maldadezinhas que fazemos e as atitudes egoistas e sacanas que cometemos ao longo da vida, pagamos em sofrimento no final dela. Físico ou psicológico. Se por um lado, ajuda acreditar no karma, por outro assusta.
Preciso que o meu pai não sofra mais. Já deve ser um sofrimento gigante, a certeza do fim próximo, e de deixar de estar na vida de quem amamos.
Triste. Zangada.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Ou escrever ou rebento.

O meu pai tem 58 anos, faz no próximo dia 19 de dezembro, 59. Há 3semanas queixou-se com dores agudas muito fortes no abdómen, foi ao hospital de S. josé em lisboa, às urgências. Senha verde e 9 horas depois da primeira conversa com a médica veio a notícia - uma massa na cabeça e no corpo do pâncreas. Tramal para as dores e indicação de 8 dias depois se apresentar no Hospital dos Capuchos para uma nova consulta com a mesma médica que o assistiu nas urgências. Dia 14 de Novembro lá estávamos. Quando duas horas de espera depois o chamaram, estivemos 3 minutos no gabinete da médica para passar só e unicamente uma carta para uma consulta externa no Curry Cabral e a informação de que tinham solicitado à CUF uma biópsia. Saímos e fui ao Curry Cabral marcar a consulta de cirurgia hepato-biliar. O colega entendeu o meu desespero e marcou para daí a 8 dias, dia 24 de Novembro. Até lá foram dores insuportáveis, nauseas, perda de apetite quase total e obstrução intestinal. Na 2.ª feira fomos à consulta externa, a médica que nos assistiu remeteu para uma consulta da dor e para novo pedido de biopsia no IPO, cuja autorização do Curry Cabral demora 2 a 3 semanas. (Treta de sistema nacional de saúde) Entretanto, remeteram-no para a consulta da dor crónica porque quimio só poderá fazer depois do resultado da biopsia e só como cuidado paliativo. Tem dois pedidos para biopsias e nenhuma chega. Está hoje a começar a amarelar e a coçar-se insistentemente. Dorme quase o dia todo. Já passei por isto, o meu avô, pai do meu pai, faleceu há 2 anos e meio vítima do mesmo. É uma dor gigante. Não poder fazer nada. Só sorrir para ele e esperar.
Não sinto que tenha condições para ir trabalhar, mas também sinto que se não for desintegro-me rapidamente.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Amanhã começa a quimioterapia.

Sinto-me ansiosa e angustiada.
Amanhã será a primeira consulta de quimioterapia.
Não faz parte do processo de cura ou de esperança mas sim como cuidados unicamente paliativos.
Dizem que ameniza e adormece a dor. Assim o desejo.
Ontem já foi cortar o cabelo, não se esticou muito e estranharia se o rapasse, pois sempre o usou mais comprido do que o aceitável.
Sabe que o que o espera não é fácil mas finge não dar importância.
Uns dias parece que faz flashback da vida, outros parece fazer planos para depois.
Entristece-me saber que a vida está por muito pouco tempo e 'o agora é gozar até ao fim' não se pode aplicar. Não teve tempo. Emagrece porque não consegue comer, enfraqueceu porque não come. Perdeu o brilho natural dos olhos, o que resta é o brilho do efeito psicadélico dos quimicos que o aguentam. Custa-me olhá-lo e ver escrito nos braços dele 'Por ti Beta'. Lembro-me dos tempos de rebeldia extemporal em que andava metros e minutos sobre os braços, a fazer o pino.
Acredito no karma e isso traz-me alguma serenidade à minha gigantesca e inquantificável tristeza.

sábado, 19 de novembro de 2011

Obrigado amigos!

Quero deixar um abraço aos amigos do coração que sei que me seguem por esta via.
A ti Nuno, não precisas de me pedir desculpa seja pelo que for ... és um amigo de tantos anos, só preciso que cuides de ti porque preciso de saber-te bem. Fazes parte do conjunto de pessoas que vivem no meu coração e ambos sabemos que a distância não afecta em nada o carinho, a amizade e a intensidade do que sentimos um pelo outro. Olha por ti e espreita-me de vez em quando. Adoro-te!
A ti Joana ... sei que segues o meu blog, um abraço forte cheio de afecto e mimos. És uma miúda sensível, desde pequena, a tua ligação à tua avó foi e é muito parecida e sentida como a minha à minha avó. Cuida de ti e dos teus ... só com amor porque chega. Conta com a minha incondicionalidade porque é séria e sentida.
A todos os outros que não se manifestam, um bem-haja.
Cuido do meu pai agora com a certeza de que lhe proporcion o maior conforto. Sei que a noção dos dias vindouros amedronta mas também sei que o amor cuida e ameniza a dor. Amo-te pai!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Agora o meu pai.

Não é o nódulo, embora benigno, com 3 cms que tenho no pescoço que me faz sentir este atrofio no falar e no respirar. É uma bola de raiva e de qualquer coisa muito pior que isso que deixei instalar-se aqui.
Há quase quatro meses perdi a minha querida e última e resistente avó. Foram-na levando, pedaço a pedaço, até ao último grito dos seus pulmões. Já aceitei que seja assim, é a última instância desta fase da vida aqui, mas morro de saudades dela, do que ela sempre representou e representa para mim - o afecto, o conforto, o ponto focal de um conjunto de pessoas que se amam e unem como ela ensinou.
Agora, a notícia de uma luta injusta - o meu pai versus um qualquer cancro no pâncreas. Outro já houve que me levou o meu avô paterno ... e agora esta incapacidade de se lutar contra mais este.
Sinto-me a rasgar e com vontade de rasgar. Com as mãos, com os pés ... com os dentes. Não percebo. Não aceito. 59 anos e obrigado a entregar-se. Não devia de ser assim ... devia pelo menos ter a oportunidade de combater, de lutar, de uma luz ao fundo do túnel. Não é o caso. Encomendaram-lhe um castigo sem retorno. Esperar pelo apagão. Não aceito.
Não sei o que se diz ou do que se fala, agora, depois do princípio do fim. Não consigo sentir-me delicada com as pessoas ou com a vida. Estou zangada. Sinto só raiva por enquanto.
Triste. Olhar o meu filho e ver a tristeza que sente, dói tanto que vai alimentando a minha raiva.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Lara

Lara foste o segundo melhor presente que esta vida me presenteou. És minha afilhada, filha da melhor amiga que alguma vez tive, e és das pessoas que mais amo.
Gostaria que um dia, caso eu seja impedida de fazê-lo, te dissessem e mostrassem o quanto fazes parte da minha vida e do meu coração.
Não te tenho visto com frequência, é certo, primeiro não conseguia porque o trabalho e a minha vida me impedia e dificultava. Depois, quando consegui disponibilidade e tranquilidade deixei de poder fazê-lo. Desconheço as razões. Peço para te ir ver e não recebo resposta. Sempre que tento uma qualquer autorização, alguém no teu infantário me acompanha como se fosse uma pessoa qualquer e estranha a ti e ao meio. E tu sabes que me deixam estar lá pouco mais de cinco minutos, ou porque tens qualquer actividade e venho antes, a meio ou depois dela.
Sinto a tua falta como a de ninguém. Do teu sorriso e das covinhas do teu rosto. Do teu brilho nos olhos, dos caracóis do teu cabelo e do 'minha beta'.
Já tentei de tudo para, que pelo menos, me fossem reveladas as razões deste desprezo e desta distância. Não consigo. Nem desculpas posso pedir, caso tenha magoado ou decepcionado alguém, porque desconheço todas as razões. Não sei se estão magoados, ofendidos, fartos, doentes ... não sei.
Já pedi para te levar a lanchar, já pedi para te levar ao zoo, já pedi para te ver ... recebo não ou desculpas com ausências. Não sei se estes impedimentos são consequência de escolhas ou decisões minhas, não sei!
Hoje é o teu dia de aniversário e mais uma vez furei sem querer invadir. Desculpa se o fiz mas precisava de te dizer que não me esqueço de ti.
És tão importante... Um dia, espero estar por cá para to dizer.
Amo-te muito, minha afilhada querida!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Por causa de mim ... não estou.

Não estou. Desculpem.
Aos amigos e familiares preocupados que ligam ou mandam sms a perguntarem por mim, só peço que me deixem estar ... depois ligo, depois ... quando abandonar este estado de ansiedade voltarei à superfície. Não se aborreçam. Só não estou.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O que eu sinto

Sinto incómodo,sinto dores,
sinto tanta ansiedade,
sinto que não sei para onde vou e nem o que me espera,
sinto que me perco,
sinto-me só e não estou,
sinto-me cansada,
sinto saudades,
sinto vontade de chorar,
sinto que não correspondo,
sinto que tenho medo,
sinto-me insegura,
sinto que já não consigo encontrar-me,
sinto que não conseguem alcançar-me,
sinto raiva,
sinto mágoa,
e sinto-me triste por tudo isto
:(

sábado, 20 de agosto de 2011

Eu que acredito ...

As alterações energéticas, hormonais e mesmo todas as outras já eram muitas. Os sinais eram demasiados.
A intuição dizia-me para procurar ajuda mas o medo da notícia permitia-me adiar a visita ao médico.
Fui. Não sei ainda se já fui tarde.
Fui. A suspeita está aí e só ela já me fez pensar e rever toda a minha vida para trás e especialmente esta que vivo agora e a que desejo ainda viver.
Da notícia tinha medo mas agora com a suspeita já só quero certezas. A certeza trará a força que preciso para pensar novamente em todos os dias depois do amanhã.
Só preciso de conseguir voltar a sonhar.
Tenho o melhor filho do mundo, que amo incondicionalmente, o mais sensível, o mais doce, o mais emotivo e inteligente. Falta-lhe só um bocadinho de audácia que, acredito, chegará na altura certa. Tenho ao meu lado o homem que sempre desejei, meigo, atento, doce, inteligente, presente e audaz. O homem que qualquer mulher deseja para pai de um filho seu. Não o escolhi. Apareceu e isso faz-me sorrir. Sinto que o mereço. Amo-lo com todas as minhas forças como nunca amei mais ninguém. A minha família está sempre e não preciso de mais. Saber que os amigos da alma e do coração estão lá e a torcer por mim.
Só preciso de conseguir sorrir todos os dias.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Uma estrelinha no céu!

A minha linda e querida avó morreu.
Sinto um vazio.
Mais um ramo da minha àrvore que caiu.
Sinto-me triste e cansada.
Preocupam-me a minha mãe e as minhas tias e o meu tio. Os meus primos. A relação, a união e a estabilidade desta parte da minha família. A minha avó era o ponto focal. A casa dela era o nó de união, onde nos reuníamos todos, antes ou depois de qualquer situação, boa ou má.
De tarde, encontrávamo-nos lá em casa, nem sempre os mesmos e nem sempre com os mesmos.
Isso era tão bom e deixa tanta saudade.
Vale o conforto de saber que a sua essência e sabedoria está em todos nós. Todos o sentimos.
Sentirei falta do cheiro da sua casa, do cheiro a alecrim queimado em dias de trovoada.
Do arroz de manteiga dela e da canja.
Fica a memória de tantas palavras, do orgulho pelo longo cabelo em trança apanhada, a sua contida vaidade em tempos com os brincos de ouro e pretos oferta longíqua do meu avô João, que não conheci. E do sorriso terno e do olhar meigo que transparecia o amor incondicional que sentia por cada um de nós.
O céu ganhou mais uma estrelinha. A mais brilhante de todas.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Estou a ficar crescida :)

Pergunto-me se o avançar da idade não só machuca o rosto como também recauchuta o carácter.... estou finalmente a tornar-me intolerante!
Sempre dei demasiada atenção e depositei demasiada intenção e dedicação aos outros.
Não sei porquê. Posso pensar que é característica do meu signo e que todos são assim ... não são! Ou então que são os genes ... mas esses coitados não foram de todo para aqui chamados. Ambos progenitores, cada um à sua maneira, respiram egoísmo! Na verdade ... acho mesmo que foi da educação que tive. As minhas avós, as duas, incutiram muito bem a sua maneira de ser e de estar em mim. Orgulho-me disso.
Mas ... entristece-me que a vida depois de tantos coices não me tenha tornado mais dura e cruel. E isto não tem que ver com decisões ou atitudes. Essas são só da minha responsabilidade. Nem sempre foram as escolhas certas, nem sempre foram escolhas moral e socialmente aceitáveis ... mas eu sigo sempre a minha razão que é emocional, não conheço outra. Ás vezes penso que gostaria de conhecer, e outras tenho a certeza de que não e de que gosto tanto de mim assim. E isto não é desculpa para nada.
Á porta dos 39 continuo a gostar de cores, de tótós, de rir á gargalhada, da família, dos amigos incondicionais, dos conhecidos todos ... de reencontros, de casa cheia e de alegria conudo já não aturo manias, vontades egoistas ou birras. Aturo as minhas e muito mal. Não procuro que gostem de mim e não me esforço por gostar de ninguém. Não guardava rancores e agora colecciono. Não me admito sofrer, seja como for, por ninguém que não escolha. E se dantes conseguia esperar serenamente pela vingança, hoje vou à procura dela.
A maturidade traz confiança e a intolerância. Por isso é que sempre quiz ser crescida.



sexta-feira, 8 de julho de 2011

Tão longe e tão perto ...

O buraco?
Não sei onde está o buraco agora ...
Até ontem, achava-me miserável por não conseguir enfiar-me no buraco e  ficar por lá uns dias ... ele não me deixa. Cuida de mim.
 Não me deixa ter esta relação paralela com o buraco.
Quer que seja uma relação partilhada e não consigo.
Hoje sinto-me a aguentar. Não fui visitar a minha avó ao hospital porque não sentia forças.
E eu preciso de todas as minhas forças para isso. Não sou nenhuma super-mulher.
Já lá vai o tempo em que a energia e a força aguentava qualquer impacto emocional. Ía a todas, assim fosse preciso. Agora vou na mesma mas ao meu ritmo ou um dia destes ... tiro férias num hospital qualquer fruto de um surto nervoso, um avc ou lá o não quero que seja!
Escrevo isto não é porque sim, é porque sinto que estou muito perto do perigo dessas 'férias' e não as quero conscientemente.
Ainda hoje ao telefone com um amigo recomendava que se cuidasse ... e pensava que devo essa atenção a mim própria.
Não vou travar mas vou reduzir prudentemente. Tem mesmo de ser.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Time to go ...

Não gosto de fazer esperar mas também não gosto de esperar muito.
O 'on stand-by' não é definitivamente para mim!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Primeiro dia de praia

Sábado foi o primeiro dia de praia desta vida.
Ponte 25 de Abril em direcção a Setúbal.
O tempo mostrava-se quente mas tímido.
Tivemos a sorte de, ao chegar a Setúbal, embarcar-mos logo no ferry que já esperava.
Giros, mais modernos e de um verde vivo fantástico.
Tróia! Voltinha pela parte nova e bonita mas de uma tristeza sem palavras tal se sente o abandono. Vazio ou quase.
Um supermercado que tem um pouquinho de tudo, incluindo uma caixa Multibanco e pouco mais.
Um Instituto Optico que não se percebe como foi ali parar e um posto de GNR modernaço.
Dá dó os inúmeros condomínios de luxo prontinhos a habitar e vazios. Um mundo fantasma de oportunidades em contraste com o realismo de pura beleza.
E estrada até à praia da Comporta.
Fugidios pela porta traseira do estacionamento e um mergulho indescritivel, ora numa areia nova e limpa, ora num mar traçado de verdes e azuis.
Maminhas ao léu, amor da vida, sorrisos e uma gratidão enorme pelos momentos especiais.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Procuro curso ou workshop de gestão de inteligências.

A vida é ... como um rio, diria alguém ...
É compensador quando alguém nos diz que somos energia e que de alguma forma damos empurrões nas encruzilhadas dos outros.
Faz-me sentir bem, faz-me até sentir útil mas não é isso que quero.
Cansei de dedicar-me aos outros esquecendo-me, na grande parte das vezes, de mim própria.
Sei que, graças a alguém ou a qualquer coisa, nasci farta em inteligências. Tenho todas, sem qualquer modéstia. QI, Emocional e Espiritual. Falta-me é a capacidade para geri-las de forma inteligente. Isso é que não tenho. Capacidade. E creio bem que também já não nasce, e nem vem com a cegonha ou com o pai natal.
Até hoje, fiz uma gestão da minha vida muito emocional e, ultimamente, muito espiritual. Mas uma coisa ou outra, ou uma coisa e outra, descompensa-me grandemente.
A idade e a sabedoria deveriam trazer alguma dose de outras capacidades, tais como o desprezo ...  sei que traz a surdez mas temo que já chegue tarde.

terça-feira, 3 de maio de 2011

O desiquilibrio e o karma

Não me digam que a vida nos dá o que merecemos porque não é sempre assim.
Nem sempre é justa. A energia universal nem sempre consegue o equilibrio entre o yin e o yang. Ela bem que tenta mas o karma é muito mais forte. Nem todos estamos preparados para aguentá-lo.
A vida é ...
Ora dá, ora tira. E quando tira, rasga.
Quando sei que o que me faz sofrer é 'culpa' das minhas atitudes ou dos meus actos, o sofrimento aguenta-se, mas quando me rasga por ver o sofrimento dos que amo, torna-se insuportável.
Fez-me tropeçar na metade de mim, devolveu-me o brilho, o sorriso e as cores, e em paralelo, ataca-me á volta. Peço-te: Ataca-me a mim, só a mim. Deixa a minha avó em paz!
Faz-me sentir qualquer dor, que eu aguento. Não aguento é sabê-la com a dor que ela sente. A dor de perder mais ainda ... que mal fez ela?

domingo, 24 de abril de 2011

Moving ...

A parte chata das mudanças são os caixotes que se perpetuam num canto de um dos quartos á espera de coragem ou de espaço.
A parte gira é a sensação de reset á vida ou ás vidas que ficam para trás das costas.
Levam-se as roupas, as loiças (algumas), as memórias na carola, a ansiedade e a expectativa no peito e um medo terrível na alma.
Sempre que uma palavra falta, um olhar se desvia, volta o sabor amargo da incerteza.
Volta-se atrás nas recordações dos poucos e breves momentos já partilhados e voltamos a encher o peito de ar e de esperança.

Mas tenho medo e há noites que me puxam para pertinho dele. Bloqueio. Fecho-me lá enroscadinha no colinho e fico por ali. Penso se é assim que tem de ser. Ou porque tem de ser assim. E lá vêm as lágrimas e a dúvida. O sentido ou o conceito de partilha é agora muito relativo e a dor dessa noção é angustiante. Não sei viver com o condicionalismo desta partilha. Sinto-me de fora.
Afinal a vida é para os que têm coragem. Eu sempre tive. Mas foge-me ... assim ...
Sinto que crio anticorpos. O roxo, o lavanda e as cores esbatem-se.
Dou por mim a fugir para o preto ou para o branco.
Quando passa ... volto a encher-me de vontade, malgré algumas dores ... e derroto mais uma caixa.
Um dia destes ... derroto as caixas todas.
E volto ás cores do arco-iris que me espreita da janela do quarto.
Só quero respirar.

terça-feira, 15 de março de 2011

Entretanto ...

Tenho inúmeras coisas para fazer ... coisas de casa, coisas do dia-a-dia ...
No trabalho, pouco ou nada. E quanto menos temos, menos fazemos ... e o pouco que temos arrastamos para fazermos depois ...
Não é preguiça. É gestãozinha!


quarta-feira, 9 de março de 2011

Mudar é bom.

Decidi mudar quase tudo.
O nome do blogue.
Desvincular-me da imagem linda e eterna do Buda e do templo.
Só não mudei os tons e a paleta de cores.
O laranja ainda me ajudam.
Estar doente em casa é o que faz. O tempo disponível é maior. Não seria suposto dada a lista extensa de tarefas que tenho pendentes, mas ... ótever.
Porque quiz mudar? Não sei. Sinto que não quero ficar presa a imagens. Sinto que o blog deve ser o depósito fiel das minhas emoções e dos meus momentos mas, tal como em nossa casa, mudar a cor das paredes, as almofadas do sofá, os bibelots... para não cansar.

terça-feira, 8 de março de 2011

Ás pastilhas elásticas desta vida!


'De
como realmente são algumas pessoas'

Há quem diga que
é nos momentos maus que vemos realmente quem são as pessoas importantes. Eu
confesso que já pensei dessa forma, mas cada vez mais tenho a certeza de que é
nos nossos momentos altos, nos nossos momentos de sucesso e de felicidade, que
se vêem quem são as pessoas que gostam realmente de nós e que ficam genuinamente
felizes quando nós estamos felizes. É isso que tenho notado ao longo da minha
vida. É que é muito fácil estendermos a mão quando o outro está no fundo do
poço, e é tão bom pensarmos que é bom haver alguém com problemas piores do que
os nossos, o que acaba por ser sempre reconfortante, mas quando o outro sobe,
alcança algo para o qual lutou, ou se apaixona perdidamente por alguém
realmente especial e fora de série, quando antes estava ali solteiro e
disponível para o que quer que fosse, ou quando tem coragem para fazer algo que
eles próprios não têm, então aí sim começam os problemas, e, de repente, muitos
se transformam em velhos do Restelo. E é aí que precisamos obrigatoriamente de
começar a separar o trigo do joio. Porque há pessoas que não conseguem
simplesmente conviver com as coisas boas dos outros e vão sempre tentar fazer
tudo para destruir isso, para que no final as pessoas voltem novamente àquilo
que eram antes.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Não está doente! É indecente!

Afinal o senhor aqui do lado não padece de nenhuma doença física, tipo cancro, como já todos suspeitávamos. Descobri hoje que a magreza que exibe e o ar amarelado é o resultado fantástico de um chá 'Barriga Lisa' que pelos vistos faz o milagre de derreter gorduras mas também dá aquele ar esgaziado e doentio de velho do restelo. Eu cá acho que tem mais efeitos secundários ... bem sei que um chá laxante deixa as pessoas na dependência da vontadinha mas ... daí á vontadinha não dar tempo para chegar ao w.c, abrir a braguilha e fechar a porta ... essa porra provoca é demência.
Das duas uma, ou se borra ou assistimos abismados, admirados, atónitos, banzados, boquiabertos, estupefactos, pasmados, perplexos e  surpreendidos ao cair do mijo ou de outras substâncias que não mandámos vir.



domingo, 27 de fevereiro de 2011

Surpresa

Deu-me um gozo imenso.
Primeiro porque me pus à prova, eram os teus amigos, histórias de outras vidas, passado, presente e sei agora que também futuro.
Depois porque precisava de te mostrar que vou longe, onde for preciso, por ti.
Não sou uma mulher de capa e espada, o que faço é porque gosto e amo e para todos saberem.
Não foi fácil, esperava tudo e esperava muito pouco, pelo menos e seguramente de um deles.
Sabia que seria olhada, da cabeça aos pés, sabia que os olhares de cada um me dariam indicações de cada pensamento. Sabia que não podia facilitar. Teria de estar o tempo todo entre a segurança que sinto e o que eles esperam. Não gostaria de comparações. E se as houvesse que fossem abonatórias a meu favor.
Pelo que sou, não pelo que conheceram.
É importante para mim que o mundo daqui para a frente saiba que foi e é tudo por amor.
Finalmente por amor. Por ti.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Feliz!

O Guilherme faz hoje 12 anos.
Casa cheia de miúdos.
Rapazes na loucura da Playstation, entre combates e futebol. E as miúdas no encantamento da alegria deles. Basta-lhes isso. Estarem perto deles e poderem olhar para eles. É giro!
Estou feliz. Finalmente feliz!
Tenho um filho maravilhoso de que me orgulho tanto.
Sou uma mãe e uma mulher muito feliz! Parabéns filho!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Última cuspidela para encerrar este ciclo ...

É hábito dizer-se 'ano novo, vida nova', e diz-se porque na realidade é o que mais se deseja quando o ano que passou não foi bom.
Este ano sei que será melhor.
Libertei-me de algumas correntes e sei que me libertarei muito em breve das restantes.
Há quem se queixe da vida, eu não me queixo da vida porque me tem dado sempre a opção de escolher o caminho, melhor ou pior, queixo-me das pessoas e até disso arrependo-me. O arrependimento surge depois de tomar consciência de que as pessoas também são escolha minha. Ainda assim sinto-me segura e até feliz porque muitas das pessoas que conheço ainda não descobriram essa faculdade e nem tomaram consciência dela.
As minhas escolhas nem sempre são serenas. Há sempre alguém que é magoado ou desapontado. Não é por isso que não as faço. Aprendi há muito que era muito fácil gozar com a 'Madre Teresa ...' enquanto esta era benevolente, incondicional e tonta. Muito por conta da 'Madre Teresa' abri os olhos ... e na verdade gostava mesmo que todas as queridas e queridos que hoje apontam o dedo e perdem tempo de vida a falar de mim fizessem um auto-avaliação/análise do carácter, das atitudes e da consciência e depois disso então se atrevessem a julgar-me.
A desilusão e o desapontamento foram dos sentimentos que mais ocuparam espaço nos últimos anos da minha vida. As mentiras, a vitimização, o orgulho, a apatia, o egoísmo e a hipocrisia rodearam-me encarnando personagens giros cheios de virtuosidade na cabecinha deles. Eu que nem pensei ter perdido anos de vida encarnando a 'Madre Teresa ...' sinto agora que sim.
Diria alguém que foi um abre-olhos ... e foi.
Para avançar neste novo ciclo precisava de depositar mais estas 'cuspidelas' ... não se inquietem que abri a pestana.
Agora sim ... com licença ... vou ser feliz.