terça-feira, 22 de novembro de 2011

Amanhã começa a quimioterapia.

Sinto-me ansiosa e angustiada.
Amanhã será a primeira consulta de quimioterapia.
Não faz parte do processo de cura ou de esperança mas sim como cuidados unicamente paliativos.
Dizem que ameniza e adormece a dor. Assim o desejo.
Ontem já foi cortar o cabelo, não se esticou muito e estranharia se o rapasse, pois sempre o usou mais comprido do que o aceitável.
Sabe que o que o espera não é fácil mas finge não dar importância.
Uns dias parece que faz flashback da vida, outros parece fazer planos para depois.
Entristece-me saber que a vida está por muito pouco tempo e 'o agora é gozar até ao fim' não se pode aplicar. Não teve tempo. Emagrece porque não consegue comer, enfraqueceu porque não come. Perdeu o brilho natural dos olhos, o que resta é o brilho do efeito psicadélico dos quimicos que o aguentam. Custa-me olhá-lo e ver escrito nos braços dele 'Por ti Beta'. Lembro-me dos tempos de rebeldia extemporal em que andava metros e minutos sobre os braços, a fazer o pino.
Acredito no karma e isso traz-me alguma serenidade à minha gigantesca e inquantificável tristeza.

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