sábado, 28 de junho de 2008

A ti ...

Avó! Tenho tanto para te dizer. Marcaste-me de tantas formas... e gostaria de te dizer uma por uma e como isso se manifestou em mim. Tentarei. Tu não és simplesmente minha avó. Na minha vida, na minha alma e no meu coração vivem muitas mulheres especiais, mas eu não só sinto-me, como tenha a certeza de que sou uma privilegiada porque duas delas (uma já não fala comigo todos os dias, apenas sei que me espreita) não eram mulheres apenas especiais, mas sim extraordinárias e escreve-lo com um orgulho enorme, tão grande que a vontade que tenho é de gritá-lo para todos o saberem … duas super-mulheres. Uma chamava-se Noémia e a outra chama-se Noémia. Achas que foi coincidência? Não foi! Sabes o significado do teu nome? É um nome de origem hebraica, significa "flor de beleza". As pessoas com este nome são compreensivas e preocupadas com os outros, em especial com os que mais delas necessitam e ou dependem. O lema dessas mulheres é a solidariedade para com quem sofre os danos infligidos pelos seus semelhantes. A ternura deve presidir a toda a relação amorosa entre as pessoas. Duas mulheres. Uma foi e a outra é a dedicação aos outros. Eu não acredito em coincidências, tudo tem uma explicação e só o nome que te escolheram te caracteriza: “Flor de beleza” … a minha! Há imagens que percorrem os meus pensamentos em dias de “falta de mimos” e esta é uma delas. Sempre de noite e para o sol nascer ainda faltariam seguramente umas horas. Uma criança rechonchuda, enrolada num cobertor de tons castanho, ao colo de uma super-avó que a entregava um andar abaixo no colo de outra super-avó/super-mãe, que todos os dias a acolhia, a alimentava, a acompanhava à escola, nos deveres de casa, que tantas vezes recebeu os amigos da neta em sua casa para lhes dar verdadeiras lições de inteligência. Foste tu que me incutiste a sede pela cultura, pela leitura, pelos jogos de palavras, pela escola, pelo brio que se deve ter nas nossas coisas e a importância que a família deve e tem nas nossas vidas. Tu desejas o melhor para cada um de nós e nós desejamos que tenhas consciência da importância e do significado que tens na vida de cada um de nós. Orgulho-me de ter uma avó com uma inteligência muito invulgar, orgulho-me da tua forma de raciocínio e do teu gosto, que permanece, pela leitura. Não és uma mulher do teu tempo e quem não consegue reconhecer isso, então não consegue reconhecer a grandiosidade do teu espírito, do teu sentido crítico e da tua exigência. Eu, orgulho-me dessa tua forma de ser, porque tenho um pouco de ti em mim. E é esse bocadinho de ti que me ajuda a alimentar este amor transcendente pela família, sem excepção de qualquer pessoa. A união e o sentido de comunhão que existe entre todos, a ti o devemos. A tua coragem, a tua dedicação e o teu empenho em educar sozinha 4 filhos, é um exemplo para qualquer um. És uma vitoriosa. 4 filhos saudáveis, 4 famílias o mais feliz que se quer e pode. Bem sei que desejarias que todos fossem felizes de igual modo, mas entende que cada um deve viver a sua própria vida e sobretudo definir objectivos para si próprio. Se não resulta uma vez, o que se faz? Tentamos de novo … fiz isso com a receita do arroz doce, e consegui! Queria conseguir quantificar o amor e o respeito que te tenho em kilómetros, mas levavam-me a gastar uma exorbitância numa viagem ao espaço e o espaço é infinito como bem sabes… Fui eu que tive a ideia de te pôr a chorar desde a primeira página desta declaração de amor, até à última. E estás proibida de ter um princípio de ataque cardíaco ou enfarte à minha conta. Mas sei que valerá a pena todas as lágrimas que vertes porque desta forma, e agora escrevo apenas por mim, sei que saberás que te amo e que te amo tanto que não consigo quantificar. Tem dias que entro em tua casa e apetece-me apertar-te, abraçar-te e não o faço. Não o faço porque não consigo fazê-lo a ninguém … Tudo isto para te dizer que cada olhar meu nos teus olhos significa um abraço muito forte e um amo-te como daqui até ao céu. Não sei se isto te deixa mais feliz mas, quando eu for uma avó e uma bisavó da tua idade, quero ser igualzinha a ti … já hoje nada é mais importante na minha vida do que a minha família, por isso é que entendo o teu sofrimento e a tua angustia quando alguém descarrila e foge á rotina a que nos habitua… mas ninguém conseguirá bater a tua capacidade de memorização das telenovelas brasileiras e portuguesas que já foram vistas na televisão … quando penso nisso, ocorre-me sempre que a nossa família é uma família de campeãs … a tia Idalina, a campeã do desembrulho antes do tempo, a tia Cidália, da que anda mais no laréu, a Sílvia, da que visita mais shoppings em menos tempo possível, eu … dos raspanetes à Joana … a minha mãe, daquela que diz que não sabe nada da vida de ninguém, mas sabe sempre tudo e antes de todos… a Joana, da resposta mais rápida na ponta da língua, o tio João é um campeão no pão de alho com azeite… a Beatriz e a Marta das caras mais lindas … o Gui o campeão em jogos electrónicos… a Clarinha ainda não sabemos mas será campeã pelo Sporting numa modalidade qualquer à escolha. Sabe que tenho muito orgulho em ter herdado muito de ti inclusive os problemas de ossos. Amo-te!

3 comentários:

  1. Yuts, daw palagpat imo blog.

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  2. It could give you more facts.

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  3. Prima, descreves a avó e os teus sentimentos por ela como se reencarnasses, no momento em que escreveste, todos os seus netos. Todos a amamos e temos mais de si do que julgamos, não apenas um bocadinho, mas sim uma importante parte daquilo que nos forma como seres humanos que somos. Tal como a avó todos choraremos ao ler as extraordinárias palavras que lhe escrevemos, uns de uma forma mais aberta outros fingido que não fazem. Á medida que vou envelhecendo começo a compreender cada vais o que avó me ensinou, começo-me a conhecer melhor vejo como isso tem o toque dela e a sentir o valor que tem darmos muito de nós aos outros. Admiro-a pela pessoa que é, por tudo aquilo que dá, por tudo o que me ensinou e por tudo o resto que faz e eu ainda não tenho vida para o entender. Tal como tu AMO a AVÓ incondicionalmente porque não existe qualquer razão ou condição que explique o que sinto por ela.

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